domingo, 25 de maio de 2008

Gabi,



Tenho pensado muito em escrever, e escrito pouco, como você vê. Mas tentando lembrar os pensamentos:



1. Essa imensa diferença de quatro mil cento e tantos quilômetros na verdade não faz diferença alguma, não é? Quando imagino a distância entre nós só consigo pensá-la em termos de tempo, horas de vôo, fuso-horário (o tempo que o sol leva pra vir daí pra cá). Nunca em termos de espaço. É essa limitação da nossa mente (ou da minha) para lidar com coisas gigantes ou mínimas.



2. Acho que conseguimos, sim, criar um diálogo à distância. Talvez não nos entendamos, mas o jogo pode funcionar se prevermos que não precisamos nos entender, que o 'mal-entendido' vale também. Fiz isso uma vez num trabalho, mas não era um diálogo propriamente dito, funcionava só de lá pra cá: pedi aos organizadores de um festival que me descrevessem um espaço de esposição em que eu iria instalar um trabalho, e que eu não conhecia. A descrição poderia ter palavras (escritas ou faladas) mas nunca fotos. Meu trabalho seria a representação em escala real da descrição deles. Pra complicar, eles falavam alemão e um pouco de inglês e eu, francês e um pouco de inglês também. Em alguns momentos, trabalhamos com um intérprete do alemão para o francês. O resultado final mostrou várias discrepâncias entre as descrições e o lugar, devido a problemas de comunicação e de interpretação. Mas foi dessas discrepâncias que nasceu a meu ver o interesse do trabalho. Bom. Tudo isso pra dizer que acho que esse diálogo pode justamente funcionar pela dificuldade que apresenta. Temos é que definir o funcionamento do jogo.



3. Sim, certamente seria/será uma reflexão sobre o olhar do outro. Me interessa muito pensar essa proposta desse ponto de vista.



E então? Como fazemos? Uma vaca amarela - daqui pra frente, só imagens? (glup) ou talvez seja melhor ainda conversar e entender melhor como isso pode funcionar... Vamos pensando, eu aqui, você aí, nos intervalos.



Beijos



Gisa

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